JAZZ IN THE SPACE AGE_GEORGE RUSSEL – C.C. Vila Flor
BREVE INTRODUÇÃO
Ao longo da sua existência, o Guimarães Jazz tem reservado um espaço importante ao jazz orquestral, uma vertente essencial deste género musical e que muitas vezes é percebida, em múltiplas dimensões, como aquela que mais diverge da ideia que associamos ao fenómeno puramente jazzístico, constatação a que não será estranho o facto de esta ser ao mesmo tempo a vertente mais radicalmente influenciada pela tradição musical clássica ocidental. Não é, portanto, por acaso que nas últimas décadas tenham surgido na Europa inúmeras orquestras e big bands de excelência, muitas delas já apresentadas neste festival, um movimento que em Portugal é consubstanciado na sua melhor versão pela Orquestra Jazz de Matosinhos (OJM). Considerada hoje como uma instituição de referência nacional, a OJM terá a responsabilidade de encerrar a edição do Guimarães Jazz 2022 com a apresentação do espetáculo Jazz In the Space Age, um concerto em que prestará homenagem, interpretando-o, o álbum homónimo de George Russell, um compositor e teórico musical que muitos críticos consideram ser uma das mais influentes personalidades do jazz moderno. A acompanhar o notável conjunto de instrumentistas que compõe esta orquestra (que inclui, entre outros, o saxofonista João Guimarães e o contrabaixista Demian Cabaud, ambos já programados com projetos próprios em edições anteriores pelo festival), estarão dois pianistas emergentes da cena jazzística norte-americana o norte-americano Ethan Iverson e o cubano sedeado em Nova Iorque David Virelles para um concerto que será dirigido por Pedro Guedes.
Criada em 1997, a Orquestra Jazz de Matosinhos é uma instituição sem fins lucrativos que tem por objetivo promover a criação, a investigação, a divulgação e a formação na área do jazz. Pioneira em Portugal num território artístico que à época da sua fundação permanecia largamente inexplorado, ao longo do seu percurso a OJM tem apresentado repertórios e programas de inúmeras variantes estéticas e referentes a diferentes épocas do jazz. Ao longo dos seus vinte e cinco anos de atividade, esta orquestra portuguesa colaborou com grandes nomes da música contemporânea internacional, como Carla Bley, Lee Konitz, Chris Cheek ou Peter Evans, entre muitos outros, ao mesmo tempo que trabalha também com figuras influentes da cena musical portuguesa, tais como Maria João, Mário Laginha ou Sérgio Godinho. A OJM atua regularmente nas principais salas do país e tem feito digressões a várias cidades da Europa e dos Estados Unidos da América, tendo sido a primeira formação portuguesa de jazz a participar num festival norte-americano o JVC Jazz Festival. Em anos mais recentes, é de destacar de entre a prolífica atividade da OJM o importante projeto, iniciado em 2018, de itinerância nacional de um espetáculo composto do repertório tradicional para big band, uma iniciativa curadoria e narração do grande crítico e divulgador de jazz e recentemente falecido, Manuel Jorge Veloso.
Nascido em 1973, Ethan Iverson é um pianista, compositor e crítico musical nativo do Wisconsin, EUA, cuja notoriedade no meio jazzístico norte-americano se deve, em grande medida, ao grupo de jazz vanguardista The Bad Plus. Para além do seu trabalho colaborativo com nomes importantes da música contemporânea, tais como Billy Hart, Joshua Redman ou Ron Carter, Iverson apresenta uma discografia relevante como líder, tendo editado em editoras de renome como a ECM e a Blue Note (nomeadamente o seu álbum mais recente de 2022, no qual conta com a participação do histórico baterista Jack DeJohnette), ao mesmo tempo que integra pontualmente projetos exteriores aos parâmetros estritos do jazz, sendo disso exemplo o trabalho composicional desenvolvido em parceria com o grupo de dança do coreógrafo Mark Morris e a sua reinterpretação da música dos Beatles ou de Stravinsky. Como crítico, os seus textos têm sido publicados em revistas norte-americanas de referência como a New Yorker ou a The Nation, entre outras.
David Virelles é um pianista cubano atualmente sedeado nos Estados Unidos da América e, apesar da sua relativa juventude, um instrumentista com um estatuto firmado no circuito jazzístico norte-americano contemporâneo. Descendente de uma família com antecedentes musicais, Virelles mudou-se de Cuba para o Canadá a convite de Jane Bunnett, com quem o pianista colaborou extensivamente até se mudar para Nova Iorque. Nesta cidade epicentral do fenómeno jazzístico, Virelles estudou com o influente saxofonista Henry Threadgill, e inicia aí um percurso notável em projetos próprios, como o quarteto em conjunto com o baterista Andrew Cyrille, o contrabaixista Ben Street e o percussionista Román Diáz, ou como sideman de grandes figuras do jazz atual, como Chris Potter, tais como o já mencionado Henry Threadgill ou o trompetista polaco recentemente falecido, Tomasz Stako.
FICHA ARTÍSTICA
Telmo Marques transcrição e adaptação
Pedro Guedes direção
Ethan Iverson piano
David Virelles piano
José Luís Rego madeiras
João Guimarães madeiras
Mário Santos madeiras
José Pedro Coelho madeiras
Rui Teixeira madeiras
Luís Macedo trompete
Ricardo Formoso trompete
Javier Pereiro trompete
Daniel Dias trombone
Gil Silva trombone
Gonçalo Dias trombone
Miguel Meirinhos fender rhodes
Eurico Costa guitarra
Demian Cabaud contrabaixo
Marcos Cavaleiro bateria